Ela estava ali, todos os dias. Fazia suas coisas sem perturbar. Não fazia barulho.
Fazia sempre da melhor forma.
Fazia por que gostava, por costume ou seria por amor?
O fato é que tudo era organizado, detalhe por detalhe.
De tanto fazer, virou obrigação.
E ninguém notava o valor de suas ações.
Até que um dia deixou de fazer. Não porque ela quis. Mas porque partiu.
E ficaram todas as coisas sem ela, tudo fora de lugar. O silêncio dela permanece agora em forma de ausência.
Agora notam que ela existiu.
Agora se perguntam: "-como não percebemos antes"?
O erro está onde:
Na pessoa que fazia tudo sem reclamar, e por isso viveu sem ser notada?
Nas pessoas que não a viam, e deixaram de reconhecê-la?
Qual destes foi o maior erro?
Esperar o reconhecimento, sem viver.
Ser reconhecido depois da morte, não traz felicidade.
E fazer tudo esperando o dia do reconhecimento chegar, pode ser que não chegue.
Não façamos tudo, façamos o que está ao nosso alcance. Não deixemos de viver por estarmos sendo sobrecarregados por coisas que passam e não ficam.
Plante coisas intangíveis, elas duram mais do que as tangíveis.
Uma casa limpa, suja. Já o amor, este é eterno.
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