quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Facebook e Adolescer (até os adultos)

Dia destes estava assistindo um programa de TV, em que o entrevistado fazia comentários do Facebook.
Parei para pensar.
O entrevistado dizia que os adolescentes possuem em sua rede social, pessoas que realmente têm contato no seu dia-a-dia. Pessoas da escola, vizinhos, amigos, parentes.
Postam coisas porque realmente gostam ou acham engraçado.
Não ficam carentes porque ninguém curte suas postagens, fotos. O objetivo não é agradar as pessoas no Facebook, mas sim estar visível na rede. Não se importando muito com popularidade.
Enquanto que adultos, possuem pessoas no seu Facebook que muitas vezes não tem contato algum. “ah tive contato lá em 1900 e bolinha”. Mas e hoje? Realmente a rede social te ajuda a ter contato com pessoas?
Os adultos postam coisas por carência. Se ninguém curte, fica intrigado, preocupados se realmente as pessoas gostam da sua amizade.
Observem.
Será isso mesmo?
Estou preocupada. Talvez nós adultos estejamos mais adolescentes que os próprios adolescentes, na rede social.
Para pensar.



Comentários
1 Comentários

Um comentário:

  1. Eu tenho sempre um pé atrás em toda discussão dicotômica. Bem e mal. Homem e mulher. Religioso e ateu. Homo e hétero. Adulto e criança.

    A natureza da sociedade não é tão simples assim, e é possível encontrar todo tipo de comportamento em todo tipo de classe, até mesmo comportamentos diferentes no mesmo indivíduo.

    O Facebook é uma plataforma social multiforme. Tem gente que usa para jogos, tem muito religioso usando para evangelismo, tem empresa usando de propaganda, tem artista usando de portifólio, e a grande maioria dos mortais a usa para interações com os amigos. Novamente, em uma multiplicidade de formas.

    Eu, particularmente, tenho a tendência de seguir os amigos que veiculam informações, textos de opinião e algum humor mais elaborado. Tenho removido da minha lista todo mundo com perfil de "curta e compartilhe", cuja linha do tempo é mais constituída de imagens coloridas, memes e frases de auto-ajuda do que texto.

    Consequentemente, me cerquei de uma população de adultos muito diferente da descrita pelo texto do blog. E tenho a impressão de que o autor da opinião expressa também não percebe que ele fabricou o próprio cerco.

    Os rolezinhos têm acontecido em virtude de adolescentes que se tornaram celebridades virtuais, adolescentes que acumulam curtidas e compartilhamentos.

    Bloqueei a grande maioria dos meus ex-alunos no facebook pois lotavam minha time-line com "selfies" de roupa de festa no espelho do banheiro. Adolescentes caçando curtidas.

    Minha experiência com o facebook é justamente a inversa da apresentada na entrevista. Vejo adolescentes cultivando relacionamentos superficiais (sob a forma de curtidas), enquanto adultos usam a plataforma para cultivar silenciosas e profundas amizades, que se manifestam com pequenos textos de "saudades de você" uma vez por mês, mas que se prolongam a décadas.

    Acho que definir o "contato social" pela frequência do contato é uma visão limitada pelo imediatismo da juventude de hoje. Achar que não tem contato com a pessoa porque não interage com ela frequentemente é um erro. E é justamente pela necessidade de manter um contato frequente que surge a fome por curtidas e compartilhamentos. Afinal, se ninguém curte, ninguém é meu amigo.

    O Facebook surgiu como versão virtual dos Yearbooks escolares americanos. Registros de todas as turmas de alunos. A idéia é, desde o princípio, reencontrar amigos de escola de anos atrás.

    Minha impressão é justamente a contrária do texto. Vejo adultos usando o facebook para preservar longas e sutis amizades de décadas, enquanto adolescentes se afundam numa sede por curtidas e compartilhamentos.


    No final das contas, a visão que tenho vem daquilo que vejo, e o que vejo é fruto dos círculos sociais nos quais mergulhei. O autor entrevistado mergulhou em outros círculos, e obteve uma visão completamente antagônica à minha.

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