quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Arquiteta de minha vida



Estou aprendendo a construir.
Construir é uma arte difícil e ao mesmo tempo bela.
Não estou aprendendo a construir com tijolos e cimentos. Estou construindo relações.
Algumas relações começaram com um alicerce firme e hoje possuem um cômodo grande. Nestes cômodos estão aquelas pessoas de extrema importância. Família que muitas vezes não é aquela de sangue, mas aquela que faz parte da nossa história. São pessoas que quando olhamos fotografias antigas, estão sempre por lá. E se não estão nas fotografias, estão na memória de momentos vividos, alguns com grande intensidade, outros nem tanto. Mas que de maneira alguma perderão importância na nossa vida.
Existe aquela relação em que o alicerce não foi tão bom e com isso vieram às trincas. Rachaduras que muitas vezes podem abalar toda a construção. Para estas pessoas ainda damos oportunidades, porque embora a parede já esteja um pouco abalada, talvez ao longo do tempo esta construção tenha tido coisas belas.
Para outros estou construindo pontes: pontes nos ligam de um lado para o outro, onde o meio é o abismo. Talvez a isso chamamos de perdão. Pessoas a quem aprendemos a perdoar e a fazer a travessia de ida e de volta. Ás vezes o perdão é algo tão difícil que nos esquecemos da ponte e lembramos mais do abismo e ai é quando devemos nos lembrar de que somos humanos e pedir ajuda para Deus.
Existe aquela construção que está antiga, precisando ganhar novas cores. Será que não estamos esquecendo de pessoas tão significantes na nossa vida? Algumas relações merecem ganhar cores, decorações, enfeites. Ás vezes são as relações mais próximas é que estão sem vida, apagadas por comodidade, simplesmente porque estão sempre ali. Sabemos onde encontrar. Mas um dia se continuarmos esquecendo de cuidar do que está construído, pode ser que tudo se danifique e que de tão abandonado, tenhamos que construir tudo de novo.
Existe aquela relação que de tanto construir e derrubar, merecem serem demolidas. Não porque devemos ter ódio ou desejar o mal. Não é isso. São relações que de tanta insignificância, não nos agregam. Se insistirmos corremos o risco de sofrermos algum acidente com as partes que vão sendo derrubadas aos poucos.
Ainda existe a porta na construção de tudo isso. A porta existe para abrirmos e fecharmos sempre que for necessária. Com a porta nos abrimos para novos relacionamentos, novas pessoas na nossa vida. Fechamos portas quando não queremos que o outro adentre dentro de um ambiente em que muitas vezes não foi convidado a entrar, até insiste, toca a campainha, mas a decisão de abrir está ao lado de quem tem a chave.
As janelas servem para de vez em quando abrirmos as cortinas e lembrarmos-nos do que e de quem vale a pena.
E existe o muro. O muro é o mais difícil. É ele que determina espaço. É por limite. E por limite às vezes machuca. Ás vezes dá briga. Alguns querem o muro um pouco mais pra lá, eu às vezes o quero um pouco mais para cá. Até chegar ao senso comum, pode ser que haja muitos atritos, até entender o limite que o outro pode chegar, até o outro entender o limite que estou dando.
Para alguns ainda tem o portão, que está sempre trancado. Mas de vez em quando nos permite abrir. Estas são as pessoas que temos que manter por conveniência, fazer o que chamamos de social. Elas estarão sempre por perto, rondando a nossa vida.
Ainda tem a relação que nos aprisiona. O outro constrói uma prisão e nos quer inserir dentro dela. Dessas relações tenho aprendido a distanciar e não dar ao outro a chance de me aprisionar em coisas que me farão escravas. Escravas de mágoa, de tristeza, raiva, ressentimento.
Aos imprescindíveis construí um patrimônio tombado. Aquele que não se pode demolir. De vez em quando restaurar, mas jamais eliminar.
E assim estou aprendendo a construir e a demolir, a fazer pontes, delimitar espaço e a fugir de prisões.
Só o amor constrói.
Eu: arquiteta de minha vida. Simplesmente isso!
Comentários
2 Comentários

2 comentários:

  1. precisamos dar uma corzinha na nossa amizade. ops, pera aí ficou estranho esse lance de amizade colorida, hehehe.

    falando sério: saudades.
    e você anda escrevendo muito bem.

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  2. Adriana, parabéns pelos textos! Escrever é muito bom! Esse texto me fez lembrar de uma palestra do Carlos Abranches. Na palestra, ele falou dos terrenos férteis da nossa vida que precisamos cultivar e aprimorar sempre. Parabéns pela iniciativa do blog!

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