quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Aos rótulos...

Existem pessoas que deveriam trabalhar em indústrias de rótulos. Simplesmente porque confundem pessoas com produtos.
Têm a péssima mania de dar rótulos, julgam o outro sem conhecer.
Conhecer não é apenas saber o nome da pessoa, estado civil e saber quem são seus parentes.
Conhecer é mais que isso. É saber o time que a pessoa torce, a comida predileta, a vida que leva, as músicas que escuta, as coisas que lê, no que acredita, o que não gosta. Enfim, saber o que o outro é. E mesmo assim, algumas pessoas são tão superficiais que mesmo sabendo estas coisas, não daria para definir muito bem o caráter.
Ás vezes brincamos de ser deuses. Somos que nem aquela vizinha chata ou aquele parente sem graça, que fica de olho na vida do outro.
Quem é que nunca teve uma vizinha fofoqueira ou um parente invejoso? Xi, se não tem ou teve, abra o olho, pode ser que você seja ingênuo demais.
Quando os falsos deuses humanos querem rotular pessoas normais, como eu e você, causam limitações e imposições falsas sobre o que realmente o outro é ou pode ser.
E essa limitação não é para o rotulado. É para quem rotula. Porque rotular alguém é não dar a chance ao outro de nos mostrar quem realmente é. E na superficialidade, julgamos sem saber.
Não que se soubéssemos deveríamos julgar, não somos juízes divinos nem donos da verdade.
Mas não podemos afirmar que a moça que anda de short curto, o cara tatuado, a mãe solteira, o drogado, sejam piores do que eu, nem que são pessoas que não prestam. Ou que qualquer outro ser diferente do que julgo ser bom, seja alguém que não tenha nada a acrescentar.
Quem nunca passou pela experiência de criar certa antipatia antes de conhecer e depois ver que a pessoa não era nada daquilo que achávamos que era?
Devemos dar a chance do outro vir a ser. Vir a ser é dar espaço para que o outro seja o que ele é. Viva sua vida da maneira que acredita ser o melhor. Dar a oportunidade de nos mostrar suas qualidades e limitações.
Que não sejamos limitados. Que não sejamos o vizinho chato ou o parente invejoso.
Conviver com o diferente pode parecer fácil.
Mas não é.
Se repararmos bem, as pessoas andam com aquelas que se parecem com elas. E se fecham a grupos, com pessoas que possuem os mesmos ideais. Isso limita o crescimento.
Crescemos com as dificuldades, com o diferente.
Que saibamos entender que ninguém é igual a ninguém. E que as diferenças nos sirvam para aprendermos que Deus não repete suas obras. E eu e você somos únicos nesse mundo!
Uau, não é o máximo?
Deixemos os rótulos para as embalagens.
Que tal abandonar os rótulos e dar valor ao outro?
Comentários
1 Comentários

Um comentário:

  1. Generalizar faz parte da vida, mas tem suas limitações.

    Tenho como ilustração para mim uma cena do Wall-E em que ele encontra uma "colher com dentes" e não sabe se a coloca junto com as colheres, ou com os garfos.

    Classificar as coisas é necessário para nossa vida, e até para nossa proteção. Você não pode esperar conhecer profundamente o assaltante à esquina, ou o charlatão financeiro. Você tem que identificá-lo antes, e faz isso através de rótulos.

    O problema é quando a pessoa não entende que o rótulo dela é só um rótulo, e não está disposta a abrir uma exceção para a "colher garfo". Não está disposta a criar novos rótulos, se recusa a deixar sua visão de mundo mais complexa, a discutir os poréns, as exceções, discrepâncias e ambiguidades da vida.

    Avaliar o próximo é necessário, o problema é se prender em critérios superficiais, e não reconhecer a superficialidade dos mesmos.

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