segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Apenas uma xícara

Ana é uma senhora já de idade. Suas rugas não escondem os anos de experiência de vida, alguns bem vividos, outros nem tanto. Ela é feliz. Sorridente.
Dia destes, sua filha Salete resolveu ajudar na organização da casa de Ana.
Tirou todas as coisas do armário da cozinha e resolveu lavar.
Notou ali uma xícara de porcelana, antiga, toda quebradiça. Já tinha visto essa xícara ao longo dos anos que viveu na casa de sua mãe. Não entendia porque sua mãe não a jogava fora. Nunca se interessou em perguntar.
A xícara ficava sempre escondidinha, como se houvesse necessidade.  Quem olharia uma xícara velha e apresentaria algum interesse?
Salete desta vez, decidida a organizar a casa de Ana (e quem sabe até jogar fora), perguntou com certo ar de quem não entende: como pode uma pessoa guardar tantos anos algo velho, que nem usa mais?
Ana com todo seu carinho pegou aquela xícara e disse: - “essa xícara me lembra de minha mãe, me lembra de toda uma vida feliz que passei ao lado dela, não tenho fotografias, mas essa era a preferida dela, todos os dias quando tenho saudades, a pego com todo cuidado e fecho os olhos, é como se visse minha mãe tomando seu chá preferido de todas as tardes e sorrindo pra mim”.
O que para alguns pode ser apenas uma xícara velha, sem valor algum, para Ana era um valor sem igual, não tinha nenhum valor financeiro, era de valor sentimental, aquele valor que poucos entendem, porque a grande maioria não sabe o que é isso: enxergar alguém nos seus detalhes, na sua essência. Enxergar alguém nos seus gestos.
Algumas vezes os valores das coisas não estão nos olhos de quem vê, mas no coração de quem sente.


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