quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Descartável?

Dia destes desenvolvi uma conversa com um homem vazio.
Destes machistas, criado por uma “mãe que passava a mão na cabeça” e achava uma graça tudo que o filho fazia de sacanagem.
Era o engraçadinho que espiava pela fechadura meninas se trocando, não respeitava as namoradinhas, inclusive era daqueles com a capacidade de ter muitas namoradas ao mesmo tempo.
E ele começou a se vangloriar.
Hoje com a idade mais perto dos cinquenta do que dos trinta, mas com a cabeça de doze.
Em seus quarenta e muitos anos, casado com uma moça bem mais nova que ainda está chegando perto dos trinta.
Enchia-se de orgulho e logo desenvolveu a seguinte tese para que meus ouvidos infelizmente o ouvissem.
Dizia: Penso que mulher boa é aquela de peito bonito, bunda empinada, pernas duras, cintura fina, exigências um tanto quanto vazias. Vazio que transparecia em suas colocações.
Não se referia em nenhum momento nas qualidades reais de uma pessoa. Na docilidade, no amor, no afeto, no companheirismo. Nos valores que só quem tem, os enxerga.
Fiquei prestando atenção em todas essas barbaridades incabíveis na minha mente.
No final ele completou dizendo que se a mulher dele não se cuidasse, não fosse sempre uma MISS. Ele a trocaria fácil por uma nova, por outra, porque para ele isso é o que importa.
Pensei em gastar meu português argumentando, xingando. Minha vontade era de lhe dar um soco, uma surra que talvez nunca levara.
Foi então que respondi: isso mesmo troque-a quando ela não for mais útil. Quando o peito, a bunda não for à mesma.
Mas não se esqueça.
Sua virilidade não durará a vida toda. Pode ser que quando ela estiver com a idade da loba, ainda com fogo, seu pequeno órgão não fique mais ereto. E ai ela pode pensar como você e te trocar por um que funcione.
Falei desta forma, mas não concordo com nada disso.
É incrível como as pessoas são. Dois pesos, duas medidas.
Esquecem que podem ser pesados com a mesma balança que pesa o outro.
Tem gente que pensa que pode descartar quem quiser, mas a probabilidade de ser descartado é maior.
Gente vazia, gente sem amor.
Afinal de contas qual o valor das pessoas? Por que descartar?
Recicle, ame. Invente. Inove.
Comentários
1 Comentários

Um comentário:

  1. Esse texto vai em cima de uma cultura machista complicada.

    É solitário crescer com uma consciência de que ser "homem" não é pegar quantas puder pegar na juventude, não é ficar falando do corpo da colega de trabalho novo, não é ficar parando a conversa para falar da mulher de "corpo padrão" que passou do lado.

    Aprendi desde cedo que mulher tem que ser respeitada. Não quero usar a palavra "difícil" para descrever a experiência de explicar para colegas porque me mantive virgem e só fui ter uma namorada depois de adulto. Não foi difícil, mas foi solitário seguir uma definição de "ser homem" que quase nenhum outro homem segue.

    Não é difícil tratar as mulheres com respeito, não é difícil entender que, sua masculinidade genética vem, por definição, dos genes, e que sua masculinidade ética vem da sua dignidade, da sua responsabilidade, da sua autonomia intelectual, e da sua maturidade emocional.

    Eu não preciso agir como um cão, abanando o rabo para qualquer cadela que passe seminua pela rua. Ser homem vai além de ser um homo-sapiens que produz espermatozoides.

    Nisso, acho triste quando um homem se gaba de ter tido várias parceiras. No fundo, não teve nenhuma.

    Não sei como uma cara, que convenceu algumas moças a lhe darem uma noite, ou umas semanas, pode se achar melhor do que um cara que convence uma moça a lhe dar seu tempo, sua atenção, seu espaço, sua juventude, maturidade, velhice, sua vida e sua morte.

    Achar uma parceira para a vida é um troféu que esses homens descartadores parecem não compreender.

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